segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A ESTRELA ROUBADA

“Aqui se faz, aqui se paga”. Leo Vázquez evoca o velho ditado ao referir-se ao rebaixamento do Corinthians, cujo último título nacional considera espúrio. Insiste em que o Brasileiro de 2005 foi decidido pela soma dos feitos de quatro cavalheiros de alta estirpe que teriam formado, diz Leo, um “quadrado mágico”. Seriam eles: Ricardo Teixeira, caudilho vitalício da CBF, que agraciou o Corinthians com a chance de resgatar pontos que já havia perdido; Kia Joorabchian, o homem da mala, sócio anglo-iraniano da Media Sports Investments (MSI); Alberto Dualib, que dispensa comentários; e o árbitro Márcio Rezende de Freitas, que naquele jogo do Pacaembu, que valia por uma final, não viu o pênalti a favor do Internacional, assim como o presidente da república não via nada do que se passava na sala ao lado até que estourasse o escândalo do “Mensalão”.

Mesmo assim reluto em endossar o ditado evocado por Leo. Tenho grandes amigos corintianos. Não gostaria de estar na pele deles, hoje. Por outro lado, admito, seria hipocrisia de minha parte dizer que sinto muito pelo que aconteceu.

Naquele fatídico 2005, um constrangimento mútuo (no mínimo) se instalou entre corintianos e colorados, torcidas até então mais ou menos fraternas. No último confronto direto, no Pacaembu, há cerca de um mês, na arquibancada lilás os colorados ainda brandiam uma faixa alusiva à “estrela roubada”.

Roubada, também acho que foi. Porém temos de virar a página. O Inter, convenhamos, teve um 2007 quase tão inglório quanto o Corinthians. Após o título mundial no Japão, há um ano, entrou em depressão pós-parto. Ficou em 8º lugar no campeonato gaúcho, seu pior desempenho em quase um século de história; teve participação bisonha na Libertadores; e por fim deu com os burros n’água no Brasileiro, ficando em 11º lugar após dois vice-campeonatos nos anos anteriores. De certo modo, também fomos rebaixados.

A recuperação do Inter, em 2008, pressupõe a superação de um ressentimento. Para conquistar novas estrelas, precisamos esquecer a que nos foi roubada. O Corinthians que faça bom uso dela, nas estradas empoeiradas que vai ter de trilhar até voltar à primeira divisão. Daqui a um ano, estaremos todos com saudades.

10 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro, que vergonha! Choramingando um campeonato legitimamente perdido! Colocando a culpa no juíz, no Ricardão! Que feio, Modernell. Nós caimos para a segundona, mas não ficamos reclamando e atribuindo culpas aos outros. Vocês tanto mereceram que basta ver as campanhas seguintes para entender que a queda se avizinhava. Estrela roubada, mas que é que é isso!

Anônimo disse...

Fomos roubados sim.

Não lembro do Tião do texto abaixo.

Fluidometria disse...

Vou apenas deixar mais um comentário: entre perdas e danos, o Bom Retiro manteve rádios e TVs ligados em todos os bares abertos e padarias. O berreiro foi infernal e o gol (único patrono da história Corinthiana) ganhou mais bombas do que - provavelmente - a festa de 31 de Dezembro...
Beijos,
Miriam

Unknown disse...

Pois é caro amigo Renato, dizem que futebol e religião não se discute, mas quando se trata de uma data tão importante quanto a de ontem, temos que discutir sim, afinal não é sempre que vemos justiça vir de jato e não a cavalo.
Aquele campeonato brasileiro estava na garganta não só dos colorados, mas tb dos palmeirenses, são paulinos, santistas, gremistas, flamenguistas, etc...
Por várias vezes, o tal Timão foi salvo por algum "milagre", mas dessa vez, eu acho que todos os santos resolveram dar um puxão de orelhas naqueles que achavam que "descer para a segundona" era coisa de time que "dizem" não ter torcida fiel, infiel, possessiva, cumpulsiva e assim por diante.
O mais importante é a JUSTIÇA TER SIDO FEITA, e agora, cabe aos dirigentes do tal TIMÃO se organizarem e partirem para vencer mais um obstáculo.
Um forte abraço.

Mestre de obras disse...

O mundo dá voltas, um dia se está por cima, no outro por baixo. Esse ditado nunca caiu tão bem ao Corinthians. Do mesmo jeito que levaram a estrela do Inter em 2005, esse ano viram o time gaucho "abrir as pernas" para o Goiás. A vida é assim, qdo se cospe pro alto...

Unknown disse...

Renato, difícil é esquecer a estrela roubada!

Anônimo disse...

Renato, não só por ser colorado, mas também por gostar de futebol, aquele título Corinthiano foi difícil de agüentar. Sempre fui contra resultados feitos em gabinetes, em mesas de TJDs, nos "tapetões".Jogo é jogado, não é chorado, fizemos bem em (ainda que involuntáriamente) perder pro Goiás. O pior é que estamos dando uma chance ao Corinthians de ser campeão de novo, agora na segundona.
Carlos Carrion

Um Professor Indignado disse...

Renato, desculpe, mas que decepção! Um sujeito tão inteligente como você, escrevendo sobre futebol! Continuo com a minha opinião: enquanto tivermos tanto pão e circo, este País continuará medíocre. Basta analisar as últimas notícias sobre a educação brasileira. Continuaremos sendo um país hindu - uma elite bem alimentada e um bando de indivíduos lutando pela sobrevivência e torcendo pelo futebol.Eu quero mais!

Anônimo disse...

Querido Renato, muito bom o texto, como sempre. E eu sempre morro de rir dos comentários... Cada uma! Como as pessoas se acham no direito de dizer sobre o que você deve falar! Como se escrever sobre determinado assunto ou expor o que vc acha de uma situação - aliás, merecida no caso do Corinthians, por causa do mau futebol e das falcatruas na administração do clube - desmerecesse sua brilhante inteligência e seu caráter de ouro. Hilário! Embora eu discorde de suas opiniões às vezes, espero que vc continue expressando o que pensa com o estilo de sempre. Bjs

Unknown disse...

Renato,

Comento já um pouco atrasado, mas nem tanto quanto a justiça feita nesse caso. Mais pontual ainda foi a justiça porque o ex-timão foi rebaixado pelo Grêmio, que tinha sido rebaixado pelo Corinthians. E porque deixou de ser "salvo" pelo Inter, que foi vergonhosamente "garfado" em 2005 pelo Corinthians. Aqui se faz aqui se paga. Mas a conta ainda não foi paga. Talvez uns dois anos na segundona, viajando de ônibus e jogando às sextas-feiras seja o suficiente.
Continue sim sendo eclético nos seus artigos, inclusive sobre futebol. Este ano senti falta das suas crônicas semanais sobre o Colorado feitas em 2005, o ano que nos roubaram. Aliás, apesar das mazelas, não acho que nosso Brasil seja medíocre. Alguns brasileiros sim. Educação, segurança, comida, cidadania, mas também pão e circo para todos. Eu quero a minha parte.
Abração.

Novo hino do Corinthians para 2008...

Sobe Corinthians,
para a primeira divisão,
foi merecido,
muito mais que ser campeão.

Saudações Coloradas

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