domingo, 10 de maio de 2009

AÇÚCAR OU ADOÇANTE?

O pessoal do café da manhã (agora sem hífens) queixa-se de que este blogue anda muito sério. Vou ver o que posso fazer. Não prometo nada.

O pessoal do café da manhã é o grupo de professores com que faço a primeira refeição do dia, três vezes por semana. Ocupamos a mesa mais próxima a um televisor que
é ligado quando abrem a lanchonete do terceiro andar.

Assim sendo, podemos rever os gols da noite anterior e dirimir dúvidas sobre algum pênalti ou impedimento. Às vezes
absolvemos um juiz que, na véspera, teríamos levado à cadeira elétrica. Coisas assim, se não trazidas a lume, permaneceriam como feridas latejantes no inconsciente coletivo.

Também vemos no vídeo cenas de assassinatos à queima-roupa, deslizamentos de terra, carretas tombadas na marginal.
O belo rosto da apresentadora Renata Vasconcelos ameniza a barbárie cotidiana. Mas é páreo duro com Cláudia Bomtempo, que tem feições mais incisivas. No tempo das galochas nosso dilema era entre Sophia Loren e Claudia Cardinale.

Sejamos honestos: às sete da manhã a forma importa mais que o conteúdo. "Muitos cuidam da reputação, mas não da consciência", nos censuraria o padre Antônio Vieira, se viesse tomar o café da manhã conosco.

Mas também não é que só falamos de amenidades. Há o lado cultural. Com o pessoal do café da manhã, já tive ótimas indicações de filmes e fiquei sabendo, por exemplo, que pebolim em Portugal se chama matraquilhos. Às vezes analisamos acidentes aéreos, técnicas de pouso e decolagem etc. O Ministério da Aeronáutica ainda haverá de mandar um emissário para acompanhar nossos colóquios matinais.

Ainda precisamos examinar melhor a fórmula de disputa do Campeonato Nacional. Uma pesquisa recente revela que 53,3% dos brasileiros preferem o atual sistema de pontos corridos, contra 36% de adeptos do "mata-mata" e 10,7% de indiferentes. Neste caso, estou com a maioria. Porém, para a Copa Brasil, defendo que o sistema de desempate por pênaltis seja trocado por prorrogação com "morte súbita", para compelir os times ao ataque.

Assuntos dos mais variados e relevantes entram em pauta, às primeiras luzes da aurora, como diria Fiori Gigliotti, naquela mesa da lanchonete. E os analisamos com tal acuidade de raciocínio que, não raro, chega às raias da erudição. Dir-se-ia até que nosso café-da-manhã continua como antes, com hífens.

7 comentários:

Anônimo disse...

o comentário nao é sobre o texto, mas sobre a foto: eu tenho essa!!!!!

bjus

Adélia disse...

Caro amigo Renato: meu comentário, desta vez, não será sobre seu texto, sempre agradável. Você despertou em mim uma saudade enorme da revista O Cruzeiro e dentro dela o insuperável Amigo da Onça.
Vem saudade velha...Quanto mais revivo, mais vivo!
Beijos
Adélia Dias Baptista

Anônimo disse...

Caro Renato.
Amigos, encontro matinal para o primeiro café, amenidades...deu vontade de puxar uma cadeira, me servir de café, no meu caso sem açúcar ou adoçante, e curtir um ambiente tão precioso, de gente de bem com a vida.
Ilustrar tudo isto com o Amigo da Onça, me permitam os mais jovens, é buscar o humor mesmo na mais crítica situação, segredo da vida longa e saudável.
Abraço
Antonio

Um Professor Indignado disse...

7 horas da manhã! Eu geralmente, nesse horário, estou no último sono. Aquele de fim de festa, da despedida dos sonhos tranquilos, da preocupação estressante que quer acordar a gente, nos lembrar das nossas responsabilidades. Quem manda somente dormir depois das 2 da matina! E assistir jornais nesse horário é assustador, muitas vezes. Dá para ver e sentir o sangue escorrendo da TV. O Amigo da Onça, risos, nem é do meu tempo. E não adianta Renato: quando jovens todos nos acham bonitos, depois dos 50, somente as mães. Então, esqueça as fotos, risos. E saudações palestrinas a todos; parece que a única alegria que restou ao povo brasileiro é o futebol. Proponho que a lei garanta futebol todos os dias; assim, os conflitos serão esquecidos.

Andarilho da Luz disse...

Meu caro Renato, como sempre, o texto está supimpa.Ao lê-lo,não figuramos apenas a figura do Pe Vieira, mas também de Sócrates que, com certeza estaria através da sua "maiêutica" buscando a razão para entender esse tal futebol...
Porém, acho que ele chegaria a conclusão, mesmo que fazendo Parmênides virar no túmulo, de que não tem outro jeito se não entrar no senso comum e seguir a massa, afinal todos nós somos técnicos de futebol. Viva o Colorado e o Peixe.

Mauricio disse...

Nem açúcar, nem adoçante. Meu café tem o gosto da vida, como diria Omar Kayamm. Há vários anos costumo tomá-lo assim. Aprendi com os suecos da firma que eu trabalhava. Só consigo tomar café de boa qualidade porque café ruim sem açúcar não há quem tome. Se for bom, a gente desfruta todo o seu sabor. Mas, falando do futebol, um dos assuntos do seu café da manhã, acho que a “morte súbita” não dá certo. Temos muitos jogadores veteranos, como o “Fenômeno”, que não aguentariam a prorrogação. Se vocês, algum dia, encontrarem espaço para discussões místicas, que tal falar sobre os três pênaltis defendidos pelo São Marcos?

landão disse...

Belo Texto, Professor Renato. Faltou apenas comentar que o assunto que inicia o debate esportivo das manhãs é o Alazão Colorado dos Pampas, o nosso Inter de Porto Alegre!
Oigalê!!!!!!!!!!!!!