domingo, 19 de julho de 2009

CATECISMO E CETICISMO

Na noite de 2 de julho, o zoólogo britânico e arauto do evolucionismo Richard Dawkins reafirmou na Flip o que sempre disse: Deus não existe. Só temos esta vida. Melhor não fazer muitas besteiras. E aproveitar. Não haverá outra.

É saudável ver um
cientista notório arrebatar a plateia ao proclamar o ateísmo. Saudável porque serve de contrapeso social nesta época de insensatez. Em qualquer esquina, um pregador de meia-tigela é capaz de começar uma seita da noite para o dia, e ainda faturar em cima dos inocentes.

Mas o catecismo de Dawkins tampouco me convence. Como agnóstico, espanto-me com a firmeza da convicção tanto no crente quanto no ateu.
Não direi que são duas faces da mesma moeda, para não ser grosseiro nem simplista. Só que não entendo de que cartola tiram suas certezas. E por que essa fissura de convencer os outros da mesma coisa? O impulso missionário, enfim. Deus (exista ou não) é algo para ser sentido, não divulgado.

Passada a adolescência, não consegui mais levar a sério a ideia de um Deus
personalizado, que esteja preocupado com meu destino individual. Um ser sisudo, justiceiro, pronto para premiar ou punir (talvez perdoar) nossos atos. Um Deus assim seria muito parecido conosco, para ser divino.

Aceito melhor a ideia de Deus como sendo o conjunto de forças que atuam no universo.
Assim nos sugerem antigas religiões orientais. Nem seriam bem religiões, mas filosofias de vida espiritualizadas. Nelas não há um poderoso chefão, mas uma teia de possibilidades. Sartre e Bertrand Russell ressaltaram que somos responsáveis por nós mesmos.

A questão não é se Deus existe, mas se funciona. Estou convencido de que funciona, e muito. Deus vem servindo de consolo e incentivo para bilhões de pessoas, ao longo da história da humanidade, e durante séculos inspirou a arte mais elevada que se produziu no ocidente. D
awkins admitiu isso em Parati.

A discussão sobre a existência divina, embora inconclusiva, é instigante. Já cheguei a pensar que um Deus bondoso e justo, como querem os cristãos, seria também democrático, e se faria existir apenas para aqueles que assim o desejassem. Aliás, não é o que acontece na prática? Então Deus é uma evidência, não uma consistência. E é, em si, um milagre: nem precisa existir para funcionar.

16 comentários:

Anônimo disse...

Renato, esse assunto daria páginas e páginas, muitos volumes, fico perdido só em pensar em pensar nisso. Sou também agnóstico, aliás, penso como Voltaire: "se Deus não existisse, teria que ser inventado". Mais ou menos assim pensava também Platão. Deus existe, com certeza, mas nós, humanos, "formatamos" o mesmo à "nossa imagem e semelhanança", conforme nossas conveniência, medos e culpa. Muitos de nós têm seu Deus próprio, particular, para justificar e legitimar próprios erros, "quebrar seus própriosgalhos". Deus só não mais existiria se fôssemos imortais, mas imortais pra valer, invulneráveis. se fôssemos super poderosos, onipotentes, oniscentes, eternos. Mas, isso é só com Ele. Precisamos Deus, das religiões, para nos conformarmos com as injustiças, aceitarmos a morte, protegermo-nos contra os azares e os males do mundo. Porém, religião é algo que cada um tem a sua.
Carlos Carrion

Leda Beck disse...

Precisamos de deus - ou deuses - porque sabemos pouco e temos medo do que não entendemos. Povos primitivos tinham muitos deuses porque sabiam muito pouco. As coisas eram todas explicadas por fúrias ou explosões de generosidade de deuses específicos para cada fenômeno - Tupã era o trovão, Zeus mandava os raios, Lares explicava os pequenos acidentes domésticos (como o Saci, na cultura popular brasileira) e assim por diante. Ocorre que conhecer é uma missão árdua... nem todo mundo tem saco pra isso. É muito mais complicado do que aprender a Ave Maria ou cantar hinos e expulsar demônios em cultos evangélicos. É preciso ter a coragem de conhecer. A tal imortalidade (que a filosofia diferencia de "eternidade", verifiquem...), mencionada pelo leitor Carlos Carrion, está às nossas portas: leiam o que anda rolando nos laboratórios pelo mundo. Deus, então, terá outro nome: energia, ética, princípios morais. Quem viver, verá (eu já terei tornado ao pó, então). :)

Lucila Camargo disse...

Sugestão: ler "Deus não existe!... eu rezo para Ele todos os dias - Uma leitura do Pai-Nosso"
de Jean-Yves Leloup. Editora: Vozes
Resenha na internet: Descrição:
Dizer que Deus existe ou que ele não existe é dizer em termos opostos exatamente a mesma coisa. Não existem mais "provas" de sua existência do que de sua inexistência. A oração do Pai-Nosso revela muitas perguntas, desde a origem de nosso ser, até o sentido do mal no mundo. Jesus não deu uma resposta intelectual a essas questões e problemas, mas sim uma resposta existencial.

Anônimo disse...

Renato, li com prazer seus comentários sobre as afirmações que ouvi de Richard Dawkins na Flip.
Acompanho a divulgação científica há alguns anos, campo em que esse tipo de postura é comum.
Mas, se Karl Sagan estivesse vivo, iria perguntar por que um cientista como Dawkins faz afirmações tão categóricas, já que, por princípio, a ciência é neutra.
Isto é, a existência ou não de Deus é uma questão a ser provada.
Acho muito dificil provar, a existência de Deus, sob o ponto de vista da física, já que é uma idéia criada pelo homem.
Porém, o que seria do estudo da história da humanidade e suas crenças (antropologia) se proibissem a aceitação (em todas as manifestações culturais do passado e do presente) da idéia de Deus?
Tudo isto tem sido questionado pelas novas descobertas da ciência.
Ainda pequeno meu filho rebateu a ideia de que o mundo havia sido criado em sete dias.
Ele sabia que, antes dos humanos, a Terra durante milhões de anos foi habitada por dinossauros e por conta disso, a afirmação religiosa não lhe pareceu razoável.
Quando tentei lhe explicar a atual teoria do “big bang”, em que este universo que idealizamos se formou numa explosão ( vinda do nada) numa fração mínima de tempo, há 13,5 bilhões de anos, também não achou plausível.
Talvez seja melhor, então, duvidarmos da nossa idéia de medição do tempo e das coisas.
As idéias são frutos de nossa imaginação. Einstein afirmou que não haveria conhecimento sem imaginação.
Dawkins na Flip comentou que fez estas afirmações em cidades “cristãs” dos Estados Unidos e, que para sua surpresa foi aplaudido.
Quando se dirige a aquele publico esta fazendo uma ótima política.
Na Flip quando questionado não soube definir o que é “consciência”.
Espero que os cientistas do século 21 dêem igual tratamento às ciências humanas que deram as exatas e biológicas no século 20.
Melhor ainda seria tratar todas como sendo o mesmo conhecimento!
E ter certeza que nós humanos, só por termos nossa consiencia, não somos o centro de tudo.

Arquiteto Eduardo Martins Ferreira

Anônimo disse...

Renato, li com prazer seus comentários sobre as afirmações que ouvi de Richard Dawkins na Flip.
Acompanho a divulgação científica há alguns anos, campo em que esse tipo de postura é comum.
Mas, se Karl Sagan estivesse vivo, iria perguntar por que um cientista como Dawkins faz afirmações tão categóricas, já que, por princípio, a ciência é neutra.
Isto é, a existência ou não de Deus é uma questão a ser provada.
Acho muito dificil provar, a existência de Deus, sob o ponto de vista da física, já que é uma idéia criada pelo homem.
Porém, o que seria do estudo da história da humanidade e suas crenças (antropologia) se proibissem a aceitação (em todas as manifestações culturais do passado e do presente) da idéia de Deus?
Tudo isto tem sido questionado pelas novas descobertas da ciência.
Ainda pequeno meu filho rebateu a ideia de que o mundo havia sido criado em sete dias.
Ele sabia que, antes dos humanos, a Terra durante milhões de anos foi habitada por dinossauros e por conta disso, a afirmação religiosa não lhe pareceu razoável.
Quando tentei lhe explicar a atual teoria do “big bang”, em que este universo que idealizamos se formou numa explosão ( vinda do nada) numa fração mínima de tempo, há 13,5 bilhões de anos, também não achou plausível.
Talvez seja melhor, então, duvidarmos da nossa idéia de medição do tempo e das coisas.
As idéias são frutos de nossa imaginação. Einstein afirmou que não haveria conhecimento sem imaginação.
Dawkins na Flip comentou que fez estas afirmações em cidades “cristãs” dos Estados Unidos e, que para sua surpresa foi aplaudido.
Quando se dirige a aquele publico esta fazendo uma ótima política.
Na Flip quando questionado não soube definir o que é “consciência”.
Espero que os cientistas do século 21 dêem igual tratamento às ciências humanas que deram as exatas e biológicas no século 20.
Melhor ainda seria tratar todas como sendo o mesmo conhecimento!
E ter certeza que nós humanos, só por termos nossa consciência, não somos o centro de tudo.

Arquiteto Eduardo Martins Ferreira

Adélia disse...

Caro amigo Renato: concordo com seus argumentos.Fico entre o sim e o não. Nunca provaram a existência de Deus, nem sua inexistência. A criança precisa crer em super herói e na maturidade cria um Deus.
Acho que é´por aí...
Abraços
Adélia Dias Baptista

Unknown disse...

Renato, caso vc tenha escrito a sério sobre agnosticismo, teria prazer em conversar com vc sobre o tema.
Luiz Roberto

Anônimo disse...

Vemos os homens se preparando para colonizar marte e projetando viagens para outras estrelas, e não conhecemos o fundo do mar e o interior da terra. Só recentemente começamos a entender um pouco das questões sobre a biosfera que habitamos.
Clonamos gente e não curamos uma gripe.
Acadêmicos da ciência se propõe a discutir a existência de Deus enquanto ainda não reconhecem sequer um corpo energético associado ao nosso corpo físico, onde atua por exemplo a acupuntura. Quanto mais se atrever a pesquisar a possibilidade da existência de um espírito associado ao corpo, que transcenderia a morte do corpo material.
Inútil querer determinar num laboratório quem deu inicio ao eterno.
Enquanto engatinhamos como bebês curiosos, a Verdade nos observa e nos aguarda.

abraço
Antonio

Guilherme Reed disse...

Modernell, me corrija se eu estiver enganado, mas identifiquei em seu texto uma oposição entre pares de ideias muito corrente em debates que envolvem Deus, mas que me parece enganosa, qual seja, o par "existência de Deus-destino" x o par "inexistência de Deus-livre-arbítrio". Não acredito em um Deus semelhante ao homem, com barba e sentado nas nuvens, decidindo o destino do mundo, nem tampouco em Deus como um campo energético ou conjunção de forças do Universo. Essa "energia" que circularia pelo cosmos é tão-somente, energia, oras! Porque darmos o nome de Deus??? No entanto, mesmo acreditando nessa ideia de que Deus é um "delírio", ainda assim creio em algo que poderíamos chamar de "concertação do mundo", isto é, de que os eventos individuais e sociais já estão "com os dias contados".
Ao mesmo tempo, gostei da sua colocação quanto ao "contrapeso social" que Dawkins representaria em relação ao mais lucrativo setor comercial brasileiro, as igrejas evangélicas. Como seria bom um dia ver numa mesa de debates um Richard Dawkins ou algo semelhante de um lado e um pastor com a Bíblia nas mãos do outro, argumentando cada qual porque devemos recusar Deus ou aceitar Jesus como nosso salvador...

Vanessa Moiseieff disse...

Renato, gosto sempre de passar por aqui porque vc escreve aquilo que sabemos, mas não conseguimos explicar. Muitas vezes, escreve um pouco a mais do que sei. Mesmo que eu não comente, sinto-me em um diálogo. Obrigada pela companhia e reflexão.

Um Professor Indignado disse...

Eu fui educado, por oito anos, em escolas católicas. Aprendi fortes princípios éticos, que me orientam até hoje, mas sempre fiquei cismado com alguns dogmas: a virgindade de Maria, a infalibilidade papal e a origem do Mal. Ora, se Deus é o criador de todas as coisas, ele também é responsável pelo psicopata e pela doença. Recentemente, uma aluna piorou de câncer, um vizinho descobriu estar com leucemia e uma das minhas cunhadas também pena com um câncer. Estou agnóstico; o Sponville, que é ateu, até polemizou sobre esse tipo de visão de mundo. Não oro mais, há muito tempo, e somente frequento igrejas socialmente. Temo porém que os fanatismos outros se tornem novas "religiões". Os marxistas elegeram o seu deus: Marx; outros estão endeusando a ciência. Eu prefiro continuar vivendo, estimulando na medida do possível outras pessoas a agirem eticamente, valorizando o que existe de mais bonito e criativo neste Universo e me preparando para uma morte tranquila, pois não sou eterno. Não preciso de um deus para isso e se ele existe, talvez somente o saiba após a morte ou talvez nunca, pois ele seria uma criatura tão poderosa que eu não perceberia. Penso ser, me perdoem, essa discussão absolutamente inútil. E lamento os crimes cometidos em nome de todos os deuses, desde os tempos da caverna. E muitos serão cometidos ainda.

Carmen Nascimento disse...

Renato, como sempre, adorei seu texto. E como venho pensando muito sobre esse tema, veio bem a calhar. Bjs

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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