O Brasil, para deslanchar, deve remover quatro entraves: a corrupção, a burocracia, a estabilidade do funcionalismo público e o voto obrigatório. Os três primeiros são males sistêmicos. Não podem ser sanados em dez ou quinze anos. Em relação ao quarto, sou mais otimista. O voto voluntário não é apenas viável, como também inevitável, tal como foi no passado o voto feminino. Aposto que vai vingar antes de minha geração passar à Banda Larga.
Escrevi a favor do voto facultativo em jornais que no dia seguinte embrulharam bananas na feira. Escrevi sabendo que os políticos, bons embrulhadores, não se interessam pela questão. Claro, o voto voluntário captaria uma opinião mais qualificada, sem ser restritiva. Teríamos a chance de expressar, por omissão, nossa repugnância a esse esgoto a céu aberto que é a política partidária.
Aí parei com essa de bater na mesma tecla. A gente se enjoa da gente mesmo. Isso é fato. Decidi passar a colar etiquetas adesivas, contendo inscrições em favor do voto voluntário, na parte interna do curralzinho de papelão que circunda a urna eleitoral. Pois é. Os cabelos brancos nos trazem de volta, da longínqua adolescência, o direito à transgressão ingênua.
Fiz isso em várias eleições. Ou será que não fiz? Vai ver, apenas sonhei com essa tolice. Seja como for, também cansei de colar etiquetas. Cansei de ser aquele sujeito que meus amigos esquerdistas, nos velhos tempos, e na melhor das hipóteses, teriam qualificado de patriota equivocado.
Mas como encontrar motivação para ir votar sem o gostinho da molecagem cívica e, pior, com esses candidatos xubregas? Então. Comprei uma camiseta lilás na Galeria do Rock e mandei estampar, na frente e nas costas, a mesma inscrição que antes eu desenhava a lápis de cor nas etiquetas adesivas: Pelo voto voluntário -- Não há democracia com voto obrigatório.
Acho até que ficou legal. Dois amigos logo manifestaram o desejo de fazer uma camiseta igual. Bem, acho que não vão fazer. Tinha jeito de entusiasmo momentâneo. Para ser franco (mas não moacir) nem eu mesmo sei se vou vestir minha própria camiseta. E onde, e quando. Talvez na hora de votar. Talvez na hora de dormir.
Escrevi a favor do voto facultativo em jornais que no dia seguinte embrulharam bananas na feira. Escrevi sabendo que os políticos, bons embrulhadores, não se interessam pela questão. Claro, o voto voluntário captaria uma opinião mais qualificada, sem ser restritiva. Teríamos a chance de expressar, por omissão, nossa repugnância a esse esgoto a céu aberto que é a política partidária.
Aí parei com essa de bater na mesma tecla. A gente se enjoa da gente mesmo. Isso é fato. Decidi passar a colar etiquetas adesivas, contendo inscrições em favor do voto voluntário, na parte interna do curralzinho de papelão que circunda a urna eleitoral. Pois é. Os cabelos brancos nos trazem de volta, da longínqua adolescência, o direito à transgressão ingênua.
Fiz isso em várias eleições. Ou será que não fiz? Vai ver, apenas sonhei com essa tolice. Seja como for, também cansei de colar etiquetas. Cansei de ser aquele sujeito que meus amigos esquerdistas, nos velhos tempos, e na melhor das hipóteses, teriam qualificado de patriota equivocado.
Mas como encontrar motivação para ir votar sem o gostinho da molecagem cívica e, pior, com esses candidatos xubregas? Então. Comprei uma camiseta lilás na Galeria do Rock e mandei estampar, na frente e nas costas, a mesma inscrição que antes eu desenhava a lápis de cor nas etiquetas adesivas: Pelo voto voluntário -- Não há democracia com voto obrigatório.
Acho até que ficou legal. Dois amigos logo manifestaram o desejo de fazer uma camiseta igual. Bem, acho que não vão fazer. Tinha jeito de entusiasmo momentâneo. Para ser franco (mas não moacir) nem eu mesmo sei se vou vestir minha própria camiseta. E onde, e quando. Talvez na hora de votar. Talvez na hora de dormir.
18 comentários:
Gostei muito!
Concordo com você no mais íntimo do meu ser-cidadão. Uso camiseta roxa, lilás, camisola, faixa na cabeça, pinto a cara, bordo a saia...
Não quero ser obrigada a votar!!!
Primo, vou fazer minha camiseta! Obrigada!
Primo, parabens !!
Olha tenho dito nos últimos dias em diversos lugares, que essa eleição que está ai não passa de um "Teatrinho Mambembe" da pior qualidade.
E que nesse jogo se "cartas marcadas" era muito mais DESCENTE e ético, na epoca da Ditadura Militar, pois em 2 horas numa sala fechada, eles decidiam quem seria o próximo Presidente, e sem gastar tanto dinheiro alem de não fazer nós todos de idiotas.
Graças a Deus eu me mantive estrangeiro, nestes 42 anos, e nunca tive o DIREITO-OBRIGATÓRIO AO VOTO.
abraços M.L. Modernel.
Retorno triunfal, Modernell!
Retorno Triunfal, Modernell!
Renato,seja bem-vindo
Estava com saudade destes verdadeiros ARRANJOS que vc faz. Muito bom.
Desde sua última deixa aqui no blog, eu não me atrevi a deletar o Adjazzcências do Da Prosa.
Passe por lá.
Grande abraço
Estava com saudade destes verdadeiros ARRANJOS que vc produz. Muito bons, parabéns!
Desde sua última deixa aqui, não me atrevi em deletá-lo de minha lista de interessantes do Da Prosa: o Adjazzcências, para mim, nunca deixou de existir.
Passe por lá.
Abrs
Bem vindo! Fico feliz em ver novamente um Post em seu Blog, eu sentia saudades. Concordo com os 4 grandes problemas políticos que você citou. A não obrigatóriedade do voto é indispensável para consolidar nossa democracia, evita o populismo, qualifica o voto. Tem um quê de elitista, mas, mesmo assim, vale a pena. Porém, ainda acho que o mais grave dos 4 problemas é essa "Ditadura dos Legislativos", esse poder que eles, Deputados e Senadores, têm de perpetuar esse nauseante privilégio de legislar em causa própria, prerrogativa da qual abusam. Abraços, Carlos Carrion
'Brigada, mestre!
Grande Renato
Por coincidência (?) após nove meses de resguardo (ou gestação), renasce o Adjazzcências.
Sempre em boa hora – fez falta.
Abraço
Antonio
Querido amigo,que bom poder novamente desfrutar de seus textos.Quanto ao voto,certamente o voto por acreditar, antes de obrigação,faria a diferença,até porque teríamos nos fazer crer,ou seja ter credibilidade(aqui falo como politica iniciante e que ainda sonha poder fazer o melhor!)
Querido Renato, que bom que você voltou!
Quanto ao voto, tô contigo e não abro.
Olá amigo Renato - que bom podermos dialogar novamente.Concordo com você: democracia e voto obrigatório não combinam.
Abraços
Adélia
Olá amigo Renato - que bom podermos dialogar novamente.Concordo com você: democracia e voto obrigatório não combinam.
Abraços
Adélia
Renato, parabéns pelo seu retorno. Mas, não gosta de dogmas. Eleições, no mundo inteiro é preciso salientar, viraram um circo. Ganha quem tem mais carisma ou se agarra ao saco de quem tem ou é massificado pela publicidade. Tenho sérias dúvidas quanto ao voto facultativo, neste momento do País. Ou você acha que nos grotões do Brasil, as pessoas votam com sua consciência hoje? E se o voto for voluntário, os mais preparados votarão? Ou predominará, com mais ênfase, o voto de cabresto?
Corrigindo a frase inicial: não gosto de dogmas.
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